sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

QUE BAHIA É ESSA?


Essa é a "Velha Bahia", o lado de lá... aquele que não está pronto para ser vendido e não se parece com tudo aquilo tão parecido com tudo aquilo. E por que será que são tão poucos os que visitam o porto da Misericórdia nesse fim de tarde da Ilha de Itaparica? 

Na maré, os últimos raios de sol nesse dia de janeiro tinham uma trilha sonora tão bela quanto rara na "Nova Bahia"... o grito da chula dos sambadores Manteguinha e Rimú que hoje em dia sambam em dupla. Por que tão poucos os conhecem?



















Já em outro canto do mesmo canto, mais precisamente em Santiago do Iguape, descobrimos em prosa com Domingos Preto que "Liopordo"  aquele que o ensinou, como conta no filme "Cantador de Chula", vive em Acupe.

Domingos Preto aos 70 anos




















Isso mesmo, esse Domingos Preto com voz e disposição de menino está com 70 anos. E seu "Liopordo" com quantos anos está!!??


Seu "Liopordo" - aos 97 anos em uma antiga fábrica desativada de azeite de dendê em Itapema

Se a "nova Bahia" não o conhece pouco importa, pois a "Velha Bahia" sabe quem é. Ao chegarmos em Acupe à sua procura descobrimos que ia e vinha de Itapema, praia próxima da região. Ao desembarcarmos do ônibus no nosso destino saudamos a senhora dona do bar que fica junto à estrada e perguntamos: 

"- Por acaso a senhora conhece seu Liopordo?" e ela foi logo exclamando: "- O namoradô!?

Quanta história deve ter um homem que aos 97 anos ainda trabalha, samba e namora!? De noite em Acupe, o Reis seguido do samba de roda tinha mais uma sambadeira centenária. Dona Maninha com os mesmos 97 anos, segredo no olhar e passo de menina no centro da roda.


Dona Maninha, Seu Antônio (de azul) na ponta direita do banco também aprendiz de Seu Liopordo.

Na lavagem de São Brás as duas "Bahias" dividiam o cenário. Logo após a parte religiosa da festa, o palco montado junto à Igreja trazia o "pagodão", o "arrocha" e outras versões da "nova Bahia". Já "naquele canto" sambavam João do Boi, seu irmão Alumínio e Elsinho que veio de Acupe após o samba da madrugada anterior (foto acima).

Alumínio, Elsinho (filho de D. Maninha) e João do Boi.

E já que nosso destino é a "Velha Bahia" vamos arriscar e botá o pé na rudia. Cuidado menino!


Da esquerda Elsinho, João do Boi, Alumínio, Massu (espiando ao fundo de azul) e Minhoca
Nossa gratidão "Velha Bahia". Vejo que aí nas curvas do Recôncavo Baiano é que te guardas e te protege... Até quando? 

Enquanto isso Bahia, buscamos teu segredo, tua beleza e dividimos com quem te vive, seja aqui em São Paulo ou em outros cantos do nosso "Velho Brasil".

De lá pra cá Droca, Fê, Pedro Perna, Mestre Pedro de Maracangalha, sua afilhada Fernanda e Minhoca 
(foto: Yasmim, outra afilhada)
Valeu Droca, que sua viola cresça junto à sua vontade de conhecer a "Velha Bahia". Fê e Perna obrigado por dividirem esses momentos tão importantes durante esses anos.

Fica aqui nossa gratidão a todos os sambadores, sambadeiras e ao povo que tanto nos acolhe... Famílias que nos abraçam: em São Brás Nando, Dona Heidê, Branca, Júnior... Em Acupe, Joanice guerreira e amiga. Em Teodoro Sampaio Celina, Dida e Lêca.

Verdadeiros guardiões de um tesouro valioso, vocês são a "Velha Bahia". Muito obrigado!


Mestre Messias (84 anos), Capoeira guardião das tradições de São Brás e sua senhora Celina na janela. 
fotos Fê Guimarães

2 comentários:

Z.A. disse...

Fala Minhoca, na paz...

Muito legal o seu texto e belo trabalho, árduo sem duvida, mas com carinho e atenção contagiante...Claro que com o apoio da Fê tudo fica especial.

abxs e vamos nessa...

Anônimo disse...

Texto bonito e um trabalho muito importante que você está fazendo!
Se tivesse mais gente como você, teria mais resgate e valorização desta cultura rica!

Parabens pela sua visão e dedicação!

Abraços,

Rouxinol